Tiroteios recentes envolvendo agentes da polícia em Moçambique
Panorama geral
Nos últimos meses, têm-se multiplicado episódios violentos nos quais agentes da polícia são alvos de ataques armados, bem como incidentes envolvendo uso excessivo de força policial. Esses eventos ocorrem em um contexto de crescente tensão política, após as eleições de outubro de 2024, e de denúncias de violações de direitos humanos.
Organizações de direitos humanos têm documentado casos de repressão policial desproporcional contra manifestantes e cidadãos, inclusive mortes por disparos atribuídos às forças de segurança.
Casos recentes destacados
Ataque em Matola contra agente da SERNIC
- Em 1 de outubro de 2025, um suposto agente do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) foi alvo de um ataque a tiros no bairro Nwamatibjana, município de Matola. Esse agente sobreviveu, mas balas perdidas de atingiram duas pessoas que estavam em um “chapa” (transporte coletivo informal).
- A polícia confirmou que o homem morto a tiro em Matola, em setembro de 2025, era agente da corporação (sargento-principal).
- Em outro incidente, dois agentes superiores foram mortos no bairro Manduca, no município de Matola. Os criminosos dispararam, segundo a polícia, 54 tiros contra o veículo dos agentes.
Morte de agente durante roubo de cabos elétricos
- No dia 30 de setembro de 2025, um agente policial que fazia guarda numa estação de bombeamento de água na mina Moma (operada pela Kenmare) foi violentamente agredido durante um suposto roubo de cabos elétricos e faleceu posteriormente.
- A polícia iniciou investigações e ampliou a segurança local para que agentes trabalhassem em duplas para evitar novos incidentes.
Uso da força contra civis e mortes colaterais
- Em um caso que ganhou repercussão nacional: uma criança de 12 anos chamada Feniasse Jemusse Muchanguera foi morta por disparos enquanto viajava num minibus com os pais, no trecho próximo a Bobole, distrito de Marracuene, Maputo. A polícia admitiu que quatro agentes foram responsáveis pela ação “desproporcional e desnecessária”.
- Também houve registro de policiais disparando contra manifestantes. Por exemplo, durante uma marcha de apoiantes do líder da oposição Venâncio Mondlane, em março de 2025, policiais dispararam e feriram ao menos um manifestante.
- Em outro cenário mais macro, investigações foram iniciadas para apurar o papel da polícia nos eventos violentos pós-eleitorais, onde centenas de pessoas teriam sido mortas durante protestos.
Análise dos fatores subjacentes
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Contexto político conturbado
Desde as eleições de outubro de 2024, há forte polarização política e tensão social em Moçambique. Manifestações contra alegações de fraude eleitoral foram seguidas por repressão policial intensificada. -
Clima de impunidade e responsabilidade institucional
Há exigências de que sejam abertas investigações e responsabilizações criminais contra agentes envolvidos em abusos. Contudo, a eficácia dessas medidas ainda é incerta. -
Segurança dos agentes policiais
Os casos mostram que agentes da polícia operam em ambientes com riscos elevados, sendo alvos de emboscadas ou ataques armados. Isso indica fragilidade nas medidas de proteção e inteligência dos sistemas de segurança. -
Descontrole do uso da força
O incidente da criança morta e relatos de disparos contra manifestantes apontam para falhas no treinamento, na disciplina interna e no controle institucional do uso de armas pela polícia. -
Pressão da sociedade civil e mediação institucional
Organizações de direitos humanos, imprensa e setores da sociedade têm cobrado maior transparência, investigações independentes e reformas institucionais para prevenir abusos.
Consequências e desafios
- Desconfi- ança pública e erosão da legitimidade policial: a população, ao ver casos de agentes sendo mortos e civis atingidos, tende a questionar o papel da polícia como protetora.
- Demandas por reforma do sistema de segurança: muitos apontam para a necessidade de revisitar protocolos de uso de força, seleção e formação de agentes, sistemas de accountability interno e independência das investigações.
- Risco de escalada de violência: se os casos continuarem sem responsabilização, pode haver escalada retaliatória ou perda do controle do Estado sobre o monopólio da força.
- Pressão internacional: Moçambique já enfrenta críticas de entidades internacionais por violações de direitos humanos pós-eleitorais.
Se quiser, posso produzir uma matéria completa (texto de jornal), com entrevistas, dados estatísticos e contextualização local (Matola, Maputo, etc.). Você prefere que eu monte isso para seu uso (revista, blog, etc.)?
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